Como a igreja pode exercer diaconia em tempo de coronavírus?

Como a igreja pode exercer diaconia em tempo de coronavírus?

Como a igreja pode exercer diaconia em tempo de coronavírus?

por Bebeto Araújo

A Bíblia conta, em grande parte, histórias sobre pessoas comuns e suas vidas cotidianas.

Elas incluem experiências de seca e fome, sofrimentos devido à guerra e a violência, e um medo constante de ser atingido por doenças ou infortúnios.

Essas experiências da vida cotidiana, por um lado, lembraram as pessoas de sua vulnerabilidade, mas também as encheram de admiração e esperança ao verem a grandeza e generosidade de Deus se manifestando em seu favor por meio da compaixão e do serviço de homens e mulheres que decidiram “amar o Senhor com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente” e “amar os outros como a si mesmo”.

Toda vez que uma pessoa, tocada pela fé em Jesus Cristo, se coloca ao lado de alguém que está sofrendo para ajudar na superação de tal situação, está fazendo diaconia¹. Todo discípulo e discípula de Cristo é chamado e chamada a ser um canal pelo qual a bondade de Deus chega às pessoas que se encontram em situação de sofrimento. Existem inúmeras maneiras de exercermos a nossa vocação diaconal, de um jeito seguro e responsável, durante esta pandemia do novo coronavírus que se espalha por nossas cidades. Algumas sugestões práticas:

Visite” as pessoas e ofereça uma oração e uma palavra bíblica de encorajamento através de um telefonema ou outros meios disponíveis.

Ofereça apoio prático às pessoas que formam os grupos de risco e que não devem sair de casa em hipótese alguma. Se você não é deste grupo e não apresenta sintomas, pode se oferecer para ir, por exemplo, ao supermercado, à farmácia, à padaria.

Mobilize pessoas para montar kits com materiais de higiene pessoal e limpeza doméstica para distribuir nas comunidades mais pobres que não dispõem dos recursos para as ações básicas de prevenção.

As escolas fecharam. A merenda escolar é uma refeição importantíssima para muitas crianças em bairros pobres da periferia. Mobilize as pessoas da sua igreja para garantir a segurança alimentar e nutricional de crianças que passarão fome enquanto as aulas estiverem suspensas.

Por fim, mantenha os vínculos de fé e amor com os irmãos e irmãs através da oração diária. Que tal combinar para que todos, onde estiverem, se unam em oração às 7h e às 19h?

Eu estou convencido de que Deus quer usar a nossa vida para trazer esperança, alegria e segurança para os mais vulneráveis. É hora de sermos igreja para além do templo, do domingo, do culto e do pastor. Vamos diaconar?!

1 Diaconia é uma palavra grega, utilizada cerca de cem vezes no Novo Testamento, que significa serviço ou ministério. O termo é utilizado tanto para referir-se ao serviço mútuo entre as pessoas, quanto para o ministério de Jesus no mundo – “Pois o próprio Filho do homem não veio para ser diaconado/servido, mas para diaconar/servir e dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mc 10.45).

Reconciliação e vida nova

Reconciliação e vida nova

O trabalho diaconal envolve estar com os pobres e defender os seus direitos, mas também envolve anunciar o plano de Deus de nos reconciliar com ele por meio da fé em Jesus Cristo. A reconciliação conduz as pessoas a uma nova situação: elas descobrem o seu valor e a sua capacidade de assumir responsabilidades diante dos desafios da vida.

No Brasil, quem nasce na periferia dos grandes centros, nasce em desvantagem. Gabriel (a esquerda) e Júlia (a direita) são exemplos de crianças que nasceram nesse contexto. Mas no Projeto Ecos da Comunidade, eles ouviram que, com Deus, eles poderiam superar as adversidades e desfrutar de uma vida digna. Por meio do esporte aprenderam valores, permaneceram na escola, melhoraram o desempenho acadêmico e conseguiram entrar no ensino técnico. O Projeto os encaminhou para uma entrevista de estágio e, recentemente, os dois foram contratados como funcionários da General Motors. A fé promove resiliência!

Deus transforma sonho em realidade

Deus transforma sonho em realidade

Para uma criança que nasce na periferia, num bairro marcado pela violência e falta de perspectiva, aprender a tocar um instrumento musical, participar de uma orquestra e fazer uma apresentação num grande evento cultural da cidade é, no máximo, um sonho. Mas Deus leva a sério os nossos sonhos. E quando os nossos sonhos são alinhados com os dele…, aí as coisas acontecem e tudo fica muito bom!

Este sonho se tornou realidade para 130 crianças que participam do Projeto Missão Criança Jardim Paraíso.

Deus ouve o choro da criança

Deus ouve o choro da criança

Vinte e cinco anos atrás uma criança de uma favela de São Paulo, chorando, parou este homem (Sr. Mutushi) e pediu ajuda para a sua família que havia perdido a sua casa por causa de uma forte chuva. Ele prometeu que ajudaria, mas não sabia como. No próximo final de semana, num culto em sua igreja, compartilhou o pedido da criança. As pessoas se mobilizaram e foram para a favela para ajudar as famílias. A partir daí começou uma linda história na favela de São Remo, que fica ao lado da mais bem-conceituada universidade da América Latina – a Universidade de São Paulo (USP).

Imagine se o povo de Deus, espalhado por todo o mundo, fizesse como Deus: “ouvisse e respondesse ao choro de uma criança que sofre” (Gênesis 21.17). Certamente coisas maravilhosas iriam acontecer!

Conferência de Justiça da Noruega – 2018

Conferência de Justiça da Noruega – 2018

No dia 9 de novembro aconteceu em Oslo a primeira Conferência de Justiça da Noruega. O evento foi realizado por 11 organizações cristãs, entre elas a Missão Aliança. A Conferência reuniu 250 pessoas de todo o país.

Andreas Andersen, Secretário Geral da Missão Aliança abriu a Conferência, em seguida a Primeira Ministra da Noruega, Erna Solberg, fez o seu discurso, desafiando os cristãos a não se ocuparem apenas com “assuntos espirituais”, mas também com tudo aquilo que afeta a vida humana e o planeta. Jo Herbert, uma das responsáveis pela organização da Conferência da Justiça no Reino Unido falou sobre esse movimento global que nasceu em 2010 e já reuniu milhares de pessoas em todo o mundo para compartilhar uma preocupação com os mais vulneráveis e oprimidos.

Logo depois tivemos os oradores principais tratando dos seguintes temas:

  • O papel da igreja na luta por justiça – Agnes Aboum, do Quênia, Moderadora do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas.
  • Desigualdade econômica e justiça social – Bebeto Araújo, Diretor da Missão Aliança no Brasil.
  • Escravidão moderna e ética nos negócios – Henrik Syse, filósofo, professor pesquisador do Instituto de Pesquisa para Paz (Oslo) e Diretor de Ética do Fundo de Previdência Global.
  • Justiça climática – Embla Regine Mathisen, líder nacional da Changemaker, organização de jovens cristãos (13 a 30 anos) que atua de maneira criativa influenciando políticos noruegueses a se comprometer publicamente na luta contra a injustiça e a pobreza no mundo.

Partilhamos aqui alguns trechos do discurso do Bebeto Araújo:

O Deus da Bíblia não é individualista, ele tem consciência social e coletiva. Ele ama a todos sem distinção, mas numa sociedade onde as pessoas são oprimidas e tratadas com discriminação e desprezo, Deus toma partido: ele fica do lado do mais fraco.

Precisamos falar de desigualdade, porque desigualdade mata. A desigualdade no Brasil não é um acidente, mas sim, uma opção política. Um caminho óbvio para termos uma sociedade mais justa é a reforma tributária. É necessário resolver o fato de que os ricos têm uma carga tributária menor do que a dos pobres. Mas há interesses privados que limitam qualquer regulamentação que afeta a renda e o patrimônio dos mais ricos.

A desigualdade e a pobreza não são inevitáveis. São, antes de mais nada, produtos de escolhas políticas injustas que refletem a desigual distribuição de poder nas sociedades. A pobreza resultante da desigualdade é uma convocação para agirmos. O evangelho que acomoda as pessoas não é o Evangelho de Jesus de Nazaré. O Evangelho de Jesus revela um Deus comprometido com a história, que ama a justiça, é pai de órfãos, protege a viúva, é o Soberano Senhor de toda a criação e está em Missão, “fazendo novas todas as coisas” (Ap 21.5).

Agir com compaixão e esperança, lutar por justiça e envolver-se em ações que promovam a igualdade de oportunidades não são tarefas opcionais para os cristãos. Estas são, de fato, marcas que mostram que a nossa fé e nosso compromisso com Cristo são verdadeiros.

Suas palavras finais foram: “que Deus nos ajude a reduzir a distância entre o que falamos e o que fazemos, de tal forma que, em algum momento, o nosso discurso se torne a nossa prática”.