No dia 9 de novembro aconteceu em Oslo a primeira Conferência de Justiça da Noruega. O evento foi realizado por 11 organizações cristãs, entre elas a Missão Aliança. A Conferência reuniu 250 pessoas de todo o país.

Andreas Andersen, Secretário Geral da Missão Aliança abriu a Conferência, em seguida a Primeira Ministra da Noruega, Erna Solberg, fez o seu discurso, desafiando os cristãos a não se ocuparem apenas com “assuntos espirituais”, mas também com tudo aquilo que afeta a vida humana e o planeta. Jo Herbert, uma das responsáveis pela organização da Conferência da Justiça no Reino Unido falou sobre esse movimento global que nasceu em 2010 e já reuniu milhares de pessoas em todo o mundo para compartilhar uma preocupação com os mais vulneráveis e oprimidos.

Logo depois tivemos os oradores principais tratando dos seguintes temas:

  • O papel da igreja na luta por justiça – Agnes Aboum, do Quênia, Moderadora do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas.
  • Desigualdade econômica e justiça social – Bebeto Araújo, Diretor da Missão Aliança no Brasil.
  • Escravidão moderna e ética nos negócios – Henrik Syse, filósofo, professor pesquisador do Instituto de Pesquisa para Paz (Oslo) e Diretor de Ética do Fundo de Previdência Global.
  • Justiça climática – Embla Regine Mathisen, líder nacional da Changemaker, organização de jovens cristãos (13 a 30 anos) que atua de maneira criativa influenciando políticos noruegueses a se comprometer publicamente na luta contra a injustiça e a pobreza no mundo.

Partilhamos aqui alguns trechos do discurso do Bebeto Araújo:

O Deus da Bíblia não é individualista, ele tem consciência social e coletiva. Ele ama a todos sem distinção, mas numa sociedade onde as pessoas são oprimidas e tratadas com discriminação e desprezo, Deus toma partido: ele fica do lado do mais fraco.

Precisamos falar de desigualdade, porque desigualdade mata. A desigualdade no Brasil não é um acidente, mas sim, uma opção política. Um caminho óbvio para termos uma sociedade mais justa é a reforma tributária. É necessário resolver o fato de que os ricos têm uma carga tributária menor do que a dos pobres. Mas há interesses privados que limitam qualquer regulamentação que afeta a renda e o patrimônio dos mais ricos.

A desigualdade e a pobreza não são inevitáveis. São, antes de mais nada, produtos de escolhas políticas injustas que refletem a desigual distribuição de poder nas sociedades. A pobreza resultante da desigualdade é uma convocação para agirmos. O evangelho que acomoda as pessoas não é o Evangelho de Jesus de Nazaré. O Evangelho de Jesus revela um Deus comprometido com a história, que ama a justiça, é pai de órfãos, protege a viúva, é o Soberano Senhor de toda a criação e está em Missão, “fazendo novas todas as coisas” (Ap 21.5).

Agir com compaixão e esperança, lutar por justiça e envolver-se em ações que promovam a igualdade de oportunidades não são tarefas opcionais para os cristãos. Estas são, de fato, marcas que mostram que a nossa fé e nosso compromisso com Cristo são verdadeiros.

Suas palavras finais foram: “que Deus nos ajude a reduzir a distância entre o que falamos e o que fazemos, de tal forma que, em algum momento, o nosso discurso se torne a nossa prática”.