A Missão Aliança acaba de promover o 16º encontro de intercâmbios com projetos diaconais, parceiros e colaboradores ligados à rede local no Brasil. Intitulado Juntos damos uma oportunidade à vida, o evento reuniu entre os dias 22 e 25 de outubro 54 participantes para um tempo de comunhão, reflexão e descanso. Durante 4 dias a rede discutiu temas ligados ao dia a dia dos trabalhos diaconais, onde cada projeto foi convidado a compartilhar iniciativas bem sucedidas com o público. “Para mim, esse grupo é uma expressão da Igreja brasileira, que está participando da Missão de Deus na nossa nação. Temos aqui uma rede comprometida com a superação da pobreza, a defesa de direitos e a proclamação do evangelho, queremos fortalecer e ampliar esta rede. Queremos saber o que está dando certo em cada projeto e passar isso para frente”, comenta Bebeto Araújo, representante ministerial da Missão Aliança no Brasil e organizador do evento. Foi ele mesmo que abriu o ciclo de palestras com uma reflexão intitulada “Ver criterioso e agir misericordioso”. Num paralelo à parábola do bom samaritano, Bebeto destaca o papel da igreja no acolhimento aos que estão caídos no meio do caminho.

“Jesus, que é o nosso modelo e fonte de inspiração, entende o seu envio ao mundo como serviço. O ponto de partida para a ação diaconal é a necessidade do outro, não a minha. Não se trata de saber quem é o meu próximo, mas de quem eu devo me tornar próximo”, comenta o representante ministerial.

O encontro também teve a participação da psicóloga e cientista social Patrícia Reis, cuja contribuição tem sido estudar e oferecer o diagnóstico dos parceiros da Missão Aliança no Brasil. Em sua palestra, Patrícia traçou um paralelo entre trabalho e o território. “O projeto diaconal é o casamento entre afeto e racionalidade. Se as nossas organizações querem promover uma intervenção social relevante é importante conhecer o contexto territorial e os principais desafios sociais da comunidade em que se está inserido. Só a partir desse conhecimento prévio que nós vamos conseguir intervir e transformar um círculo vicioso de pobreza, num círculo virtuoso de desenvolvimento”, comenta a consultora que ainda organizou um amplo debate entre os participantes.

O melhor de 2015

O encontro de intercâmbios também deu espaço para os projetos diaconais mostrarem o que aconteceu de melhor em 2015. Foi o caso do Projeto Missionário Vila Capriotti (São Paulo) que apresentou o projeto Dr. Bartô, que trabalha pela prevenção do uso de drogas lícitas como cigarro e álcool nas escolas públicas do bairro. Referente ao direito da criança e adolescente, o conselheiro tutelar Marcos Costa lançou seu livro “Binho, o menino que tinha medo do Conselho Tutelar”, texto ilustrativo que visa acabar com o estigma e aproximar a criança ao órgão de defesa de direitos. A edição da cartilha contou com o apoio da Missão Aliança que financiou a impressão de mil exemplares a serem distribuídos gratuitamente através da rede diaconal espalhada pelo Brasil.
Dando continuidade ao foco nas crianças, Luciana Falcão e Clenir Santos falaram sobre o Projeto Calçada e sua metodologia para ajudar crianças a lidar com traumas emocionais. A palestra despertou bastante interesse nos projetos diaconais que já planejam incluir a ferramenta no dia a dia de atividades. “Estudamos e criamos uma metodologia que trata cada criança de forma individual. Temos bons resultados até aqui e queremos ampliar o alcance do Projeto Calçada através da formação de agentes multiplicadores”, comenta a psicóloga Clenir Santos, idealizadora da iniciativa que em 2015 passou a contar com o apoio da

Missão Aliança.

No campo da articulação social, Nilson Weirich, coordenador do Projeto Missão Morro do Meio, falou sobre a ação integrada pela defesa de direitos de crianças e adolescentes na periferia de Joinville, Santa Catarina. Visando o longo prazo, Nilson costurou a parceria entre agentes do poder público, privado, igrejas, organizações de bairro e comunidade afim alcançar resultados práticos de transformação. “Nosso projeto foi procurado pelo poder público para ajudar no enfrentamento ao alto índice de abuso sexual de crianças em nosso bairro. Como já estamos articulados, demos uma resposta rápida reunindo várias lideranças e formalizando uma rede de proteção com representantes de 19 entidades. Já lançamos uma campanha no jornal comunitário e acreditamos que o agressor vai se sentir inibido para fazer outros ataques”, comenta o líder comunitário.

Outro desafio corrente nos projetos diz respeito à geração de renda e mobilidade social. Foi pensando nessas questões que o Projeto Girassol iniciou o Papo Jovem, um programa oferece orientação vocacional para jovens da favela São Remo (São Paulo) e que já alcançou importantes resultados. “A favela de São Remo faz divisa com a Universidade de São Paulo e ninguém ali acreditava ser possível atravessar aquele muro. Focamos nosso apoio nos adolescentes que tinham mais relação com o projeto e já colocamos vários deles na universidade”, comenta Élbio Miyahira, coordenador do Projeto Girassol.

Para fechar o ciclo de palestras Jørgen Haug falou sobre identidade e elementos históricos da Missão Aliança. O Diretor para América Latina pode falar ao público brasileiro sobre personagens importantes na tradição missionária norueguesa como Hans Nielsen Hauge e LudvigEriksen, este fundador da Missão Aliança. “Nossa herança de trabalhar com diversas igrejas, a aliança com Deus e com o próximo como um princípio fundamental, a pregação do evangelho e o enfoque social integral sobre os mais pobres devem ser sempre lembrados dentro de nossos projetos diaconais”, destaca Jørgen Haug.

Momentos de celebração

O encontro de intercâmbios também foi um tempo de descanso e refrigério para todos os participantes. Nessa edição todos foram convidados para fazer um tour pelos parques de Curitiba, conhecida como a capital ecológica do Brasil. Mas o ponto alto do congresso foi o tão esperado café colonial, uma festa feita para celebrar o trabalho e amizade de todos os parceiros.

Quem também celebrou foi a própria Missão Aliança que, em 2015, celebra 10 anos em solo brasileiro. A comemoração teve direito a bolo e canto de parabéns.

A equipe brasileira Bebeto, Eliza, Francisco e Thiago, acompanhada do Diretor para América Latina Jørgen Haug, pode soprar a velas e agradecer a Deus pela primeira década no Brasil.

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